terça-feira, 10 de outubro de 2023

A relação entre mente e cérebro: integrando psicologia e neurociência. Neurociência em campo.

 


A compreensão da natureza da mente e de suas relações com o cérebro é uma das questões centrais da filosofia da mente. Historicamente, correntes dualistas defenderam a distinção ontológica entre a mente imaterial e o cérebro físico. No entanto, o progresso das neurociências nas últimas décadas forneceu novos insights sobre os substratos neurais dos fenômenos mentais, apoiando perspectivas fisicalistas.

Ao invés de opor mente e cérebro, uma abordagem mais produtiva é considerar diferentes níveis de análise. A psicologia fornece modelos sobre processos cognitivos, emoções e comportamento no nível mental. Já as neurociências investigam seus mecanismos cerebrais subjacentes no nível neural. Cada nível possui conceitos e leis explicativas próprias, mas são complementares, não concorrentes.

A integração entre psicologia e neurociência mediante abordagens integrativas como a neuropsicologia, a psicofisiologia e as neurociências cognitivas tem o potencial de gerar explicações multiníveis mais completas sobre a mente e o cérebro. Dessa forma, podemos avançar tanto na compreensão dos fenômenos mentais quanto de seus fundamentos neurais, em uma relação de mútua constrição e inspiração entre níveis de análise.

Esse diálogo interdisciplinar é o caminho mais promissor para desvendar os complexos vínculos entre atividade cerebral, processos mentais e comportamento humano, aproximando gradualmente os domínios tradicionalmente dissociados do mental e do físico sob uma perspectiva científica integral.

Integrando níveis de análise: da neurotransmissão sináptica aos fenômenos mentais.

A transmissão sináptica de sinais químicos no cérebro constitui o substrato básico dos complexos fenômenos mentais. Diversos neurotransmissores como acetilcolina, dopamina e serotonina possibilitam a comunicação neural e influenciam processos cognitivos e emocionais. As sinapses químicas do sistema nervoso central, mediadas pela liberação de neurotransmissores, representam o nível microscópico e neural dos processos mentais. Sua plasticidade permite adaptações neuronais relacionadas à aprendizagem e memória.

Já a psicologia analisa macroscopicamente os padrões de pensamento, humor e comportamento associados à atividade cerebral subjacente. A integração entre esses níveis de análise, do molecular/celular ao sistêmico e mental, é necessária para uma compreensão mais abrangente. Assim, desequilíbrios neuroquímicos que afetam a transmissão sináptica podem estar relacionados a distúrbios psicológicos e psiquiátricos. O estudo interdisciplinar da neurotransmissão, sinapses e fenômenos mentais permite elucidar suas inter-relações complexas por meio de uma perspectiva multilayer.

 

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