Em tempos onde frases como "A Democracia é relativa" ecoam nos corredores do discurso público, urge refletir sobre as implicações de tal afirmação. A Democracia, conforme entendida em sua essência e conforme delineada por nossa Constituição Federal, não é uma entidade sujeita às variações do relativismo. Ela é fundada sobre princípios sólidos de liberdade, igualdade e justiça para todos. A liberdade, contudo, não é uma licença para agir indiscriminadamente; é, antes, uma liberdade circunscrita pela moralidade e pelo respeito recíproco, princípios que são universais e inalienáveis.
O relativismo, ao negar a existência de verdades universais e ao colocar todas as opiniões em pé de igualdade, falha em reconhecer a necessidade de um fundamento sólido para a ética e a moral. Se tudo é relativo, então até mesmo o relativismo se subjuga à sua própria crítica, tornando-se, por sua vez, uma posição insustentável. Este é um paradoxo que não pode ser ignorado.
Para Kant, a razão humana é capaz de discernir princípios morais universais, que são obrigatórios independentemente das circunstâncias ou das consequências. A ética kantiana, ancorada no imperativo categórico, nos exorta a agir de tal maneira que nossas ações possam ser elevadas ao status de leis universais. Dessa forma, ao nos depararmos com atos ilícitos ou imorais, não podemos simplesmente descartá-los como "relativos". Eles são avaliados à luz de princípios éticos que transcendem as particularidades situacionais.
Em uma era marcada pela manipulação de narrativas e pela prevalência de "fake news", o relativismo oferece um terreno fértil para a distorção da verdade e a justificação de atos reprováveis. É tarefa da razão crítica, portanto, desmantelar tais falácias, buscando, ao invés disso, uma base sólida para a verdade e a moralidade. A verdade não é uma construção subjetiva, mas uma aspiração objetiva, acessível através do uso diligente da razão.
Assim, enquanto o relativismo pode parecer atraente em sua promessa de liberdade intelectual, ele, em última análise, nos deixa desarmados diante do desafio de construir uma sociedade justa, ética e verdadeiramente democrática. É, portanto, imperativo que nos voltemos para princípios mais sólidos e universais, capazes de sustentar uma ordem moral e social coesa e justa.
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